quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O futuro do caminho e o caminho do futuro

Ao ler os dois últimos posts da Sandra Marise Barros, sobre o Caminho de Santiago, lembrei-me que esta questão, da divulgação do caminho e de Paredes de Coura por intermédio dele, foi um dos assuntos em destaque na campanha eleitoral das recentes eleições autárquicas. Todos os partidos que apresentaram o seu programa eleitoral falaram na dinamização do troço do caminho que atravessa o concelho e na promoção do Albergue de Peregrinos de S. Pedro de Rubiães.

Todos, sem excepção, do PS ao PSD, passando pela CDU, inclusivamente pela candidatura comunista à freguesia de Rubiães, lembraram-se do grande fluxo de turistas que anualmente percorre o Caminho de Santiago. O PSD, inclusivamente, propunha-se redescobrir o caminho alternativo que liga o Norte do concelho a S. Bento da Porta Aberta e transformar as antigas escolas primárias devolutas em mais pontos de apoio aos peregrinos. Se a redescoberta do “caminho alternativo” me parece descabida, porque começaria no meio do nada, já que me parece que não há nenhum outro Caminho de Santiago referenciado que passe pelo norte do concelho, a hipótese de se recuperarem as antigas escolas primárias para apoio a eventuais peregrinos afigura-se ainda menos viável, pois grande parte dos edifícios já está ocupado (ou transformado), por outras entidades. O próprio Albergue de Peregrinos de S. Pedro de Rubiães é um claro exemplo da transformação duma antiga escola primária devoluta (em ruínas no caso).

E por falar no dito albergue, convém referir que, apesar de todos os programas eleitorais se referirem a ele e ao seu potencial enquanto elemento divulgador, e dinamizador, do concelho, nenhum deles refere o óbvio: qual a sua taxa de ocupação. Sabe-se, porque são visíveis em alguns pontos do concelho, que são muitos, milhares, os peregrinos que por aqui passam, rumo a Santiago mas também no sentido inverso. Mas, pelo menos o cidadão comum, não sabe quantos pernoitam no albergue de Rubiães. Aqui ao lado, por exemplo, a Câmara de Ponte de Lima divulga informação actualizada (diária mesmo), sobre a ocupação do albergue daquela vila, mas da estrutura existente em território courense não conhecidos números de utilização. Deste modo, consigo saber que durante o ano passado, 6814 peregrinos pernoitaram no Albergue de Ponte de Lima, a que se somaram mais 1280 peregrinos que lá carimbaram a sua credencial.

E em Rubiães? Quantos por lá passaram? Quantos lá dormiram no ano passado? De que vale dizer que o albergue pode ser aproveitado  para divulgar o concelho se se desconhece o potencial dessa divulgação? Será que, com a entrada em funcionamento do Albergue de Ponte de Lima o número de peregrinos a pernoitar diminuiu? Uma coisa é certa, e óbvia, nunca o albergue courense poderá rivalizar com os seus dois vizinhos mais próximos (Ponte de Lima e Valença). É que, quem optar por ficar em Ponte de Lima e depois estender a sua jornada do dia seguinte até Valença, opção que a maioria dos peregrinos faz, tem ao seu dispor, no ponto de partida e no ponto de chegada, o conforto duma cama quente e o bulício e a atractividade duma zona urbana carregada de factores de interesse. Ao peregrino que pernoite em Rubiães resta-lhe a calma bucólica duma zona rural. Para muitos peregrinos é o ideal, mas para o turismo… será suficiente?

2 comentários:

  1. E será que existe alguém de direito que saiba responder a estas simples questões colocados pelo Sr. Eduardo Bastos!? Era, deveras interessante, saber quantas pessoas atravessam e pernoitam no nosso Concelho, principalmente entre os meses de Março e Outubro. Quem priva um pouco com estas gentes, acaba por ficar com a ideia de que no Reino Unido (maioritariamente), isto de percorrer o caminho de Santiago é quase uma "moda", principalmente para pessoas em situação de reforma! E porque não aproveitar a condição destas pessoas e levar até si aquilo que o nosso Concelho tem de melhor?! Finalizada a sua jornada em Santiago de Compostela e se tiverem sido bem recebidos por nós penso que alguns deles voltarão para conhecer a nossa terra! Está na hora de acordar prá vida senão vamos continuar a ficar para trás....

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  2. sao muitos aqueles que pernoitam no albergue,na residencial de s.roque,na quinta das leiras,na casa do convento e quando tudo isto esta cheio ate para casas particulares vao.
    nao pode dizer que nao conseguimos rivalizar com ponte lima e valença sem conhecimento de causa. porque o problema nao se trata dos peregrinos nao terem nada para fazer porque eles cansados so querem descansar,alem do mais 80 por cento dos peregrinos nao sao REFORMADOS muito menos a maioria e do Reino Unido. Tratem de melhorar o albergue que é mesmo o de grande necessidade.
    quanto ao que se passa dentro do albergue como numeros nada posso dizer pois nao pertenço sequer a Rubiaes,nem a Junta de Freguesia nem a Camara Municipal

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