sexta-feira, 8 de abril de 2016

Amândio Pinto: futuro pode passar por Formariz, pela vila … ou pela Câmara

amandio pinto 2

O presidente da União de Freguesias de Cossourado e Linhares é daquelas pessoas que parecem ter dificuldade em passar despercebidas. Desde que, em 2009, roubou ao PS a Junta de Freguesia de Linhares que Amândio Pinto tem andado, com mais ou menos regularidade, nas bocas do povo. Do da sua freguesia (ou freguesias, agora), mas também do povo de outras paragens. O plano de acção que implementou quando chegou à junta, surpreendeu. E continuou a surpreender quando, quatro anos volvidos, mercê da união de freguesias, rouba Cossourado, outro bastião socialista, para as hostes do PSD. Pelo meio a sua projecção política, chegando mesmo a ser apelidado de “delfim” de Décio Guerreiro, que o levou na sua lista concorrente à Câmara de Paredes de Coura. Independente, em quarto lugar, mas com honras de “Ás de trunfo”. Um ano volvido, tudo mudou: abandona o PSD, onde esteve filiado apenas 15 dias, e não poupa críticas às estruturas distritais do partido. Diz que não vai levar o mandato até ao fim mas desenganem-se os que lhe vaticinaram o fim das lides políticas, pois em 2017 promete voltar a concorrer… a outra união de freguesias e até à Câmara. E, pasme-se, não descarta o apoio do PSD.

As novas instalações da Junta de Freguesia de Cossourado foram o local escolhido para a entrevista. Amândio Pinto comparece à hora marcada e, mais reticente a inicio, mais falador no final, abre o livro. De críticas, de sugestões, de lamentos, de planos. Comecemos pelos planos, para o futuro. Um futuro que, confirma Amândio Pinto, não passa pela União de Freguesias de Cossourado e Linhares. E confirma, porque o autarca já tinha, há tempos, anunciado essa sua intenção nas redes sociais. Está a ter a preocupação de deixar no seu lugar alguém que dê continuidade ao trabalho desenvolvido, desde 2009 em Linhares, desde 2013 também em Cossourado. Apesar disso, refere, “tenho a certeza que, venha quem vier, a população saberá sempre exigir o seguimento do trabalho feito”.

Um trabalho que, reconhece o próprio, faz escola noutras freguesias. “Neste momento o meu trabalho tem continuidade, inclusivamente noutras freguesias”, refere Amândio Pinto, adiantando que soube ver, nas últimas eleições autárquicas, “as alterações que houve nas propostas das diferentes freguesias, que hoje em dia dão apoio escolar e consultas médicas e de enfermagem e que estão a procurar a gestão dos baldios”. Isto apesar de considerar que, no trabalho que fez em Linhares, não houve “nem inovação nem visão nenhuma, simplesmente ouvimos a população”, explica, referindo que foi feito um diagnóstico de necessidades “e em função desse diagnóstico e do que tínhamos disponível avaliou-se o que era possível fazer”.

O seu futuro, contudo, não passará pela continuidade em Linhares e Cossourado. Isso mesmo adiantou, explicando que esse futuro “pode passar por outra união de freguesias”. À pergunta óbvia (qual união?), o autarca responde que não nasceu em Linhares, que já morou em Formariz e que passou a maior parte da sua infância na vila. Além disso, acrescenta, o futuro “pode passar por outro projecto mais ambicioso”. E de novo outra pergunta, óbvia: pode passar pela Câmara? A resposta, pronta, de Amândio Pinto, foi uma apenas: “pode!”. E mais, explica, pode ser novamente com o apoio do PSD.

Coura nunca lucrou muito com os partidos

O apoio do PSD a uma eventual futura candidatura de Amândio Pinto, seja a uma qualquer união de freguesias, seja à própria câmara, não deixa de causar alguma estranheza, tendo em conta que são públicas as divergências entre o autarca de Linhares e Cossourado e as estruturas partidárias social-democratas, nomeadamente a nível distrital, mas também a nível concelhio.

Aliás, confrontado com a possibilidade de vir a substituir uma das duas vereadoras do PSD (Helena Ramos e Janine Azevedo Soares) nas reuniões do executivo camarário courense, agora que Décio Guerreiro suspendeu o seu mandato, Amândio Pinto é peremptório a afirmar que não está disponível para ocupar o seu lugar na vereação, tendo em conta que é o nome que se segue na lista de candidatos do PSD.

“Estou em quarto, imagine que por qualquer causa era preciso eu entrar… tinham de ir ao quinto da lista”, garante o presidente da união de freguesias de Cossourado e Linhares, recordando o compromisso assumido com os eleitores da união na campanha eleitoral de 2013. “Prometi-lhes que nunca abandonaria o meu cargo na junta de freguesia, fosse por que cargo fosse na Câmara Municipal”, acrescenta o autarca. Apesar disso reconhece que, a nível político, seria muito vantajoso começar a marcar o seu espaço na Câmara. “A nível pessoal, se eu prometi à freguesia que nunca sairia para a Câmara…. Candidatei-me a presidente da junta”, refere Amândio Pinto.

Mas as divergências com Partido social Democrata vão mais longe, e vêm de mais longe. De há cerca de um ano, melhor dizendo, altura em que Amândio Pinto anunciou publicamente estar afastado de todas as estruturas do PSD, quer a nível do partido, quer enquanto representante na Assembleia Municipal, onde tem assento por inerência do cargo, tendo optado pelo estatuto de independente naquele órgão político. “Só estive como militante do PSD durante 15 dias”, explica, concluindo que o seu desencanto com o partido se fica a dever ao facto de ter percebido “que Paredes de Coura nunca lucrou muito com a ligação aos partidos. E isto tanto a nível do PSD como do PS”, clarifica.

“Nunca houve a coragem de Coura reivindicar junto dos partidos as principais necessidades do concelho”, refere Amândio Pinto, adiantando que sentia que “o que era aclamado pelos representantes do PSD em Coura”, não era acatado pelas estruturas distritais. A gota de água, explica, terá sido o facto de, aquando da auscultação da concelhia com vista a incluir obras no plano plurianual de investimentos ao nível da rede viária nacional, não existir nenhuma obra em Paredes de Coura, apesar das indicações dadas pela concelhia social-democrata nesse sentido. “Paredes de Coura até 2020 não era contemplado com nada”, critica, explicando que havia a consciência de que existiam obras necessárias. “Qualquer dos partidos (PSD e PS) fez chegar às distritais a informação que havia obras necessárias para Paredes de Coura. E tanto eram necessárias que chegamos ao ponto de a própria Câmara ver-se na obrigação de recorrer a fundos comunitários para fazer essas obras (ligação à A3)”. “É uma medida corajosa, mas só prova o quanto, tanto ao nível do PS, como ao nível do PSD, o concelho não tem sabido marcar posição”, refere o autarca de Linhares e Cossourado.

Câmara não faz obras em Linhares

O elogio à actuação do município na questão da ligação à A3 não invalida, contudo, algumas críticas à actuação da Câmara Municipal, nomeadamente no que respeita à falta de investimento na freguesia. “Foi feito em Linhares, em 2015, um caminho que foi pedido no último mandato do “Mineiro” (Manuel Fernandes, presidente da junta até 2009). E não foi no último ano do mandato”, alerta Amândio Pinto, criticando o esquecimento a que Linhares parece ter sido votado por parte dos responsáveis autárquicos.

“Estamos a falar de sete anos, sete anos em que a Câmara Municipal de Paredes de Coura fez um caminho, que já era pedido pelo anterior presidente e a que eu dei seguimento”, explica o actual presidente da união de freguesias de Cossourado e Linhares, que acrescenta que foi também feito um ponto de água no Monte do Carvalho. “Foi o último ponto de água a ser feito no concelho, naquela que é a zona mais perigosa de Paredes de Coura em termos de incêndios. Devia ter sido o primeiro. E foi feito com dinheiros comunitários, o investimento da Câmara foi zero”, remata Amândio Pinto, para demonstrar o alheamento a que a freguesia de Linhares foi sujeita. “Se aos meus sete anos de presidente de junta juntar os últimos quatro do “Mineiro”, são 11 anos em que não vi obra nenhuma da Câmara feita em Linhares”.

Criticas que o levam a considerar que “Linhares tem sido prejudicada” por parte da Câmara. E que se tornam ainda mais pertinentes quando se compara a situação desta freguesia com a de Cossourado que também passou a ser, entretanto, gerida por Amândio Pinto. “O dinheiro transferido para Cossourado no período de 15 dias (após as eleições de 2013) não chegam os últimos 11 anos de Linhares para igualar”, refere o autarca, explicando que “numa semana foram transferidos 70 e tal mi euros para a Junta de Cossourado que foram gastos à velocidade em que se queima um fósforo. Entraram e saíram”. Dinheiros que estariam relacionados com o pagamento de obras feitas naquela freguesia no mandato anterior, comparticipadas por fundos comunitários, mas em que é preciso entrar ainda com a parte não comparticipada. “Mas há freguesias que têm de pagar o resto, e há freguesias que são financiadas pela Câmara”, ataca o presidente da União de Freguesias de Cossourado e Linhares.

16 comentários:

  1. Muito bem Amandio, o povo está contigo!
    Quer dizer, não sei bem se será o povo todo... mas pelo menos os que cabem no táxi contigo estão de certeza! Dantes havia o partido do táxi no parlamento, agora em Coura já temos é uma Junta do táxi. É o que se fala! Também tá bem… O que eu ainda não percebi muito bem é que tu dantes dizias que o PS é que não valia nada e o PSD era top. Depois, o PSD passou a não valer nada também e acho que só a Junta (tu e os colegas, acho eu) é que era top. Depois desta entrevista, em que é que ficamos?!
    A única coisa que eu sei é que depois de tanta boca mandar ao PS e ao PSD, o resultado é o mesmo: obra que é bom, zerinho! Quer dizer, também não é bem verdade. Se esperarmos aí uns dois anos, vamos ter 200 hectares de eucalipto ali no alto de Linhares que até vai estalar! Isso é que é obra! Ah, já me esquecia. Não podemos esquecer o gado e a agricultura. Dantes falava-se dos unicórnios alados porque era coisa que toda a gente falava e ninguém via. Em Linhares agora há as vacas, os porcos, os pitos e também deve ter tudo asas porque falou-se, falou-se, prometeu-se e ninguém vê nada! Zerinho! As estufas acho que também já só dão amoras.
    Isto da politica é fixe: um gajo manda umas bocas, enche o peito, é o maior da freguesia, vai à televisão e depois no fim é só fogo-de-vista. Acho que sim, o homem tem tudo o que faz falta para ser um presidente da camara à maneira!

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  2. Se está ou não depois vamos ver, até lá trata dessa azia, dá uma volta de motinha isso melhora, ou então tira o avental e trabalha, parece que te faz alguma falta.

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  3. Independentemente daquilo que o Amândio venha a fazer, nada lhe retira o mérito de ter mudado a concepção de um novo conjunto de benefícios para a população que agora é praticado em várias Freguesias.
    Estou confiante que mais tarde ou mais cedo aceitará o desafio de se candidatar à Câmara Municipal. Espero com o PSD. Capacidade, tal como a Outros na mesma área política, competência não lhe falta.

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    1. O futuro do Madinho está visto, só quer protagonismo fora de conta e medida. Foi bom presidente em Linhares,acredito, mas não vai muito além disto mesmo!...Que se dedique de alma e coração á saúde que já não é pouco...

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  4. Será que ele vai substituir os limoeiros por eucaliptos no centro da vila?

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    1. No centro da vila, só planta de vaso, ou espécie que dei-a em betão, há e em granito, mas do cinzento. Desconfio que até os caliptos secavam.

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    2. Quais caliptos, os de morango ou de limão?

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    3. de Laranjeira, mas de jardim.

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  5. Engraçado estes rosinhas continuarem a falar de Linhares e dos Eucaliptos, Linhares têm neste momento a mais pequena área de Eucaliptos de Coura, cerca de 80 hectares, quanto têm Infesta, e Insalde quanto têm Insalde, Formariz, e Ferreira não têm, só falais de Linhares falai do resto, falais de Linhares agora em Coura só Linhares é que têm Eucaliptos, engraçado é a Campanha desta Camara contra os Eucaliptos e nas Freguesias rosa é só novas plantações engraçado, em 2013, apenas Linhares e Infesta tinham Eucaliptos, pergunto e agora onde há mais????? Afinal meus senhores critica-se e depois imita-se, bom mesmo bom. Já diziam, quem desdenha....

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    1. Seja junta PS ou PSD tanto faz! O eucalipto está a destruir o nosso concelho. Já não há verde em lado nenhum, só aquelas paisagens cinzentas dos eucaliptais. Depois vêm falar de turismo. Assim é impossível. Depois vêm os incêndios, destruição das nascentes, do ecossistema. É nojento, e olhem que não sou um ecologista nem nada disso.O mal é que não se ataca o problema a sério. Tenta-se cativar as pessoas a não plantar, mas assim não vão lá. Comecem a aplicar contra ordenações e a obrigar a arrancar e depois vão ver os resultados.

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    2. Ouve-se por aí que Insalde têm UMA NOVA plantação de eucaliptos e bem grande!! E dizia o Presidente da câmara que não queria o concelho todo eucaliptado...bem se vê o que está acontecer!! será que fez algum "forcing" sobre os baldios de Insalde para não avançar com este projecto?! Ou simplesmente nem sabe?!
      Infelizmente, por este andar, daqui a uma década temos o concelho 100% eucaliptado...

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    3. Porque não investir em castanheiros em vez de eucaliptos. Fazia-se uma cooperativa de castanha e escoava-se a castanha produzida em baldios. Pode-se também resinar. Porque não se faz isto? Mentes quadradas..

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    4. Prefiro os montes com eucaliptos do que mato onde ninguém entra nas propriedades nem os donos das mesmas propriedades lá conseguem entrar mas antes eucaliptos do que mato, pelo menos os donos ainda aproveitam rendimentos das suas terras pelo crescimento rápido ainda vão usufruindo de algo e não só pagar IMI ás Câmaras e estado.

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    5. O Mandinho foi um dos melhores presidentes de Junta, causou engulho a muitos dos seus colegas que se julgavam melhores por terem mais anos de serviço!
      Este presidente deixa uma obra de rendimento para a freguesia com as plantações que mandou fazer, antes rendimento certo do que tojo e mato onde ninguém conseguia passar. Parabéns caro Madinho.

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    6. É o típico autarca de criatividade zero. Só liga a caminhos e estradas e para ter algum dinheiro destroem os baldios em troco de uma esmola da portucel. Isso mesmo uma esmola. Não quero falar sem saber mas acho que a renda da portucel ronda cerca de 25 euros por hectar. Isso mesmo 25 euros. Estes autarcazinhos da treta destroem os ecossistemas, a floresta, a beleza das paisagens por uns trocados. Portugal é neste momento o país do mundo com maior área eucaliptada. Supera a Australia que é o território de onde é originária esta praga. Tudo graças a meia dúzia de administradores que não olham a meios para pagar dividendos a acionistas e a autarcas que tem uma inteligência de caracol.

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